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Verdades sobre as relações humanas


Assim como são as trevas a ausência de luz e, morte, de vida, o mal pode ser compreendido como a ausência de Deus. (Santo Agostinho)

Pode-se inferir dessa máxima que Deus não tem o controle do mal justamente por não o ter planejado. Faz sentido uma das reportagens bíblicas do History Channel que diz que a serpente entrou no Éden sem ser vista. Apesar disso, será que Ele age com veemência para propagar o bem, digo, mandando um raio vertical dos céus? Já expliquei porque não em “A vontade de Deus” e, agora, quero desenvolver mais a ideia de nossa estreita relação com tal vontade.

A ação divina no plano terrestre vem por meio de nossos relacionamentos, horizontalmente, de uma maneira bem básica. Um exemplo claro seria o da pobreza: como já disse em “A vontade de Deus”, não é porque Ele não ajuda os famintos que não deseja seu bem, mas porque estes precisam de ajuda direta, que pode vir de nós. Essa tal ajuda direta é a material quando se necessita de material e pode também ser um sorriso, um abraço ou uma palavra amiga quando desses se precisa. Pode-se perceber que não adianta, tendo condições de bancar alimento, levar somente uma palavra amiga a um faminto. Seria uma ajuda indireta tão surreal como a de Deus mandar um raio e mudar toda a situação. Devemos sempre ajudar diretamente: olhar a necessidade do outro e agir conforme ela (o amor é submisso, se amolda). Acho ridículo quem tenta consagrar o Brasil a Deus e salvar o Haiti apenas com orações, assim como detesto uma cena do filme Diários de motocicleta quando Che falta a uma missa e, como punição, fica sem comer por querer alimentar o corpo sem o fazer à alma. Seria isso a mesma coisa?

O mesmo vale para quem precisa de outro tipo de ajuda: não adianta orarmos todos os dias e ir à igreja para, por exemplo, pedirmos a santificação de um vizinho com quem nem trocamos um olhar. Seria à maneira do raio, também. Isso deveria ser feito pessoalmente.
 
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