O véi Mané Sinhô


Fragmento da peça "A terrível peleja de Zé de Matos", de José Flávio Vieira, encenada pela Cia. Oca de Teatro.

Entra em cena, assombrado, o velho vaqueiro Mané Senhor, contando uma história complicada de que tinha visto um bicho enorme na serra do Araripe e que por pouco não o comeu.


Mané Senhor:

Me acuda seu Zé de Mato.
Eu tava na serra do Crato
caçando lá uns tatu,
Quesado, que Deus me deu!
Pois um bicho apareceu
e quase me come cru.


Um bêbado:

Temos aqui dois artistas.
São uns dois especialistas,
e vão fazer um favor.
Quesado e Zé de Mato,
que bicho foi que de fato
quase come o véi Senhor?


Luiz Quesado:

O véi Mane Sinhô
tava no mei do deserto,
dormindo de cu aberto,
chegou um bicho e entrou.
Saiu e depois voltou,
ficando nele encerrado.
Esse bicho era pelado,
chato, ocado e rombudo,
e tinha o pé cabeludo.


Zé de Matos:

O bicho não é de osso.
De carne também não é.
Não tem perna, mas tem pé.
Não tem braço e tem pescoço.
Ora está fino ora grosso.
Tem capa, mas anda nu.
Não tem rabo, ele é suru.
Carrega os ovos num saco.
Em falta de outro buraco,
ele se esconde no cu.


Luiz Quesado:

O bicho é feito de mola
e traja chapéu de couro.
Não come e vomita soro,
e tem a cabeça de sola.
Se alguém seu nome ignora,
diz o Braz italiano
que, passando em Pacatuba,
viu alguém por lá chamando
este bicho de Manjuba.


Zé de Matos:

Vomita o que não engole,
fica triste quando come.
Eu não sei dizer-lhe o nome,
mas disse a veia Chica,
se a capa for de pelica,
formado por natureza,
pode afirmar com certeza
que o nome do bicho é pica.

1 comentários:

Rebeca Veras disse...

KKKKKKKKKKKKK
tenho que decorar esse poema

Postar um comentário

 
Copyright © Stardust